Narrativa em guarani convida indígenas a se verem em tela de cinema como protagonistas da sua própria história na formação da Aldeia Indígena de Paranapuã. Produção tem pré-estreia exclusiva nesta quarta-feira (29), no Teatro Rosinha Mastrângelo, antes de percorrer o circuito de festivais mundo afora

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Santos, 22 de março de 2023 - Cravada no meio do Parque Estadual Xixová-Japuí, em São Vicente, a Aldeia Indigena Paranapuã é um marco da luta dos índios guarani pelo direito à terra, garantida na Constituição de 1988. A história da ocupação desta área e do esforço dos indígenas para se manterem no local são a linha de condução do filme Nhãndê kuery mã hi'ãn rivê hê'yn (do guarani, Índio não é fantasia), com direção de Dino Menezes. A pré-estreia acontece nesta quarta-feira (29), às 19h30, no Teatro Rosinha Mastrangelo, em Santos.

A narração é feita pelo cacique Wêrá Mirim (Ronildo Amandios), que aborda as origens da aldeia, da cultura do povo e do dia a dia da comunidade. Eles vivem o desafio da preservação das tradições da etnia e da natureza que os circundam, num pedaço preservado da mata atlântica, integrante do Parque Estadual Xixová-Japuí.

“O conceito inicial do filme era diferente. Queria ampliar a discussão sobre o tema, mostrar a aldeia para o público com um olhar de antropólogos, sociólogos e estudiosos. Mas, durante a gravação, percebi que o que mais importava ali eram os próprios indígenas falando de todo o seu processo. Eles são os protagonistas da história e, acima de tudo, também precisavam se ouvir”, explica o cineasta Dino Menezes. 

Para reforçar a importância da cultura e tradição do povo originário, a produção é toda falada em guarani com legendas em português. A exceção é a participação da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em que ela falou à equipe após a participação em manifestações sobre a votação do marco temporal de terras indígenas no Supremo Tribunal Federal (STF). A fala foi toda legendada no idioma dos guaranis. 
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Níveis de elaboração
Entre o argumento inicial, de Ronildo Amandios, e a lapidação da direção de Menezes, o roteiro do filme contou com a parceria com Nildo Ferreira. A pesquisa foi elaborada por Rafael Moreira e Simone de Marco. A trilha sonora é dos próprios indígenas, com captação e finalização de Brayan Gori. A produção é de Vanessa Rodrigues Aguiar, que também cuida da direção de arte. Estela Magalhães toca a direção de produção. A direção de fotografia é de Fabiano Keller e Michel Custódio. A produção executiva foi realizada por Leandro Taveira.

A estreia do filme também marca a abertura da exposição de fotos do projeto, assinada pela fotógrafa Kelly Jandaia, que participou da produção do documentário. Após a sessão, será realizado um debate com o diretor, a equipe do filme e o cacique Ronildo. Este filme foi realizado porque foi contemplado com o apoio do 9° Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes no Município de Santos - FACULT.